A Origem Estética Católica do Legendárium de J.R.R Tolkien.

Eduardo Oliveira

A Origem Estética Católica do Legendárium de J.R.R Tolkien.

Olá, pessoal. Meu nome é Eduardo Oliveira. Eu sou administrador e fundador do site tolkienbrasil.com, que é um dos maiores sites relacionados a obra de J.R.R. Tolkien, que é o autor do “Hobbit”, de “O Senhor dos Anéis” e de outras obras de fantasia. Meu objetivo sempre foi estudar a obra do Tolkien com uma profundidade que muitas pessoas negligenciam. Atualmente, muitas pessoas estudam a obra do Tolkien, mas poucas conseguem ter o nível de aprofundamento necessário para entender a obra. Foi esse o meu objetivo ao criar o site tolkienbrasil.com. Tem quase 20 anos que eu leio e releio as obra do Tolkien e me aprofundo bastante em vários aspectos tanto da vida quanto da obra dele. Então, esse é um dos objetivos do site e eu estou aqui à disposição de vocês para acrescentar um pouco mais de informações com relação a esse autor que foi um grande católico, muito devoto, tradicional inclusive, que escreveu obras maravilhosas. Uma delas é uma das obras mais cobiçadas, mais lidas e relidas pelo mundo afora e uma das dez obras mais lidas desde que foi criada a imprensa. Espero que vocês gostem desse vídeo e que possa proporcionar a vocês um acréscimo neste grande escritor que é J. R. R. Tolkien.

Tolkien foi um grande escritor do século XX. Muitas pessoas ainda investigam a vida dele. Ainda investigam sobre tudo o que ele escreveu e não conseguem compreender com sua máxima extensão tudo o que ele fez. Basicamente, o Tolkien passou a vida dele toda escrevendo sobre mitologia, sobre história dos contos de fadas e tudo mais. Foram quase 60 anos escrevendo sobre suas histórias e poucas pessoas conseguiram a profundidade de conhecimento que ele quis passar através das suas obras. Nisso, vários fãs e vários admiradores sempre escrevem livros, escrevem artigos e produzem material sobre a obra do Tolkien. Algo infindável.

O Tolkien é considerado um dos escritores mais bem-sucedidos da história da humanidade. Ele está sempre na lista dos 10 mais vendidos. Sempre é relido. Tem uma adaptação de “O Senhor dos Anéis” que é considerada uma das mais premiadas da história em termos de fantasia, junto de Titanic e Ben-Hur, tendo 11 oscars. Além disso, Tolkien é considerado no âmbito literário como professor de Oxford, especialmente nas pesquisas que ele fez com relação a Beowulf e tudo mais.

Eu vou falar com vocês dos temas de como Tolkien elaborou sua obra e qual é a sua origem, desde sua criação até passar por todo o processo de elaboração de ideias que ele desenvolveu. É algo realmente muito complexo. Eu poderia demorar muitas horas falando e dialogando sobre as técnicas e as formas que o Tolkien utilizou para escrever sua obra, mas eu vou falar para vocês o aspecto geral de tudo isso. A primeira noção que se deve ter sobre a obra do Tolkien é imaginar como se estivesse lendo um manuscrito medieval. Temos aqui o livro vermelho do marco ocidental, que é o livro que o Tolkien queria imitar. A ideia central do Tolkien era que esse livro fosse lido como se fosse um manuscrito, como se você estivesse encontrado um manuscrito em um baú antigo e visto que isso era um manuscrito em que você pudesse ler uma história contada desde sempre.

Como se fosse encontrar os manuscritos, por exemplo, da Ilíada, da Odisséia, e você não tivesse noção nenhuma dessas histórias e finalmente você conseguisse ler e entende-las. Essa é a noção inicial que o Tolkien tinha com relação a “O Senhor dos Anéis”: que eram manuscritos há muito tempo perdidos e agora encontrados e que agora pudéssemos ter a noção dessas fantasias e histórias que ele criou. Então, para entender esse aspecto da obra do Tolkien, é necessário entender todo o processo de criação dele.

Inicialmente, eu fiz uma divisão entre três níveis, como no Trivium da Educação Clássica. A gente considera a primeira divisão como glossopeia: diz respeito à linguagem e línguas. A segunda, a mitopeia: é a criação dos mitos. E a terceira é a epopéia. Então, esses são os três níveis ou três características que o Tolkien utiliza em sua obra para criar tudo aquilo que ele fez em termos de literatura. Esses três níveis, ou três elementos, são variáveis conforme o espaço e o tempo. Ainda vou falar mais sobre isso na obra do Tolkien. Enfim, os três elementos podem ser colocados de certa forma assim:  língua, história ou mito e transmissão ou tradição. São esses três focos que vamos colocar.

O primeiro dos níveis é a glossopeia: a criação de línguas artificiais. O Tolkien, desde quando era criança, teve contato com várias línguas pois ele estudava com sua mãe, que lhe ensinava línguas como o alemão, latim e francês. Ele aprendeu muito com ela, em relação às línguas e, tendo aprendido com ela, passou a ter um gosto especial por estudar as línguas e isso foi frequente em toda a sua vida. Não foi à toa que ele se tornou professor de Oxford, especializado em filologia e anglosaxão. Além disso, desde sua infância o Tolkien criava línguas próprias. Como forma de entretenimento ele gostava de criar suas próprias línguas e com isso ele aprendia mais e ampliava mais tudo aquilo que ele queria criar em termos de fantasia, que já estava relacionado às próprias línguas.

Então, dentro dessa criação de línguas que começaram a surgir as primeiras ideias em relação a criar também ideias e criar seu próprio mundo e suas próprias histórias. Porém, a própria mãe do Tolkien, não gostava muito que ele criasse suas próprias línguas. Ela queria que tivesse o foco no estudo e não que criasse línguas. Tanto é que as primeiras línguas que ele criou, ele tinha 7 anos e a mãe dele vetou essas criações.

Até que o Tolkien tivesse um pouco mais de idade, ele criou outras línguas também aos 10 anos de idade. Só que com o passar do tempo ele teve suas próprias ideias com relação às línguas. Toda língua tem em sua origem o seu vínculo histórico, o seu vínculo também mitológico, seu vínculo com relação às histórias e à epopéia. Então, toda língua tem relação com a própria história que ela conta.

Por exemplo, a mitologia grega tem seus vínculos com a língua grega antiga, a língua aramaica tem relação com as próprias escrituras ou, por exemplo, as mitologias nórdicas têm relação com a própria língua nórdica.

Da mesma forma, com relação a ideia de criar coisas, criar mitologias, Tolkien também tinha essa visão que a língua está vinculada a mitologia de modo que para criar qualquer coisa seria necessário passar primeiro pelo processo criativo das línguas para depois passar a criar suas próprias histórias. É nesse segundo ponto que nós entramos, no ponto da mitopeia: o ato de criar mitos. Antes de Tolkien existiram outros autores que planejaram escrever mitologia própria também, porém, eles não fizeram da forma como o Tolkien fez. Eles não criaram algo concreto que fosse algo semelhante a própria realidade.

Então, nisso o Tolkien se tornou inovador. Ele queria criar a própria mitologia que tivesse as mesmas características de uma mitologia considerada e aceita, como a mitologia grega, mitologia nórdica, etc. E disso, a própria mitologia surgiu da ideia do gosto pessoal dele por contos de fadas. Além do fato da mãe dele o ter ensinado línguas quando ele era criança. Ele também teve um afeto por contos de fadas, por histórias que a mãe dele contava também. Então, a mãe dele foi o centro e o início de todas as histórias.

Quando se perguntava para Tolkien qual a origem de tudo, ele dizia que foi na infância onde ele passou a gostar de ler histórias de fantasia, contos de fadas, e também a criar suas próprias línguas.

 

 

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