Santa Teresinha do Menino Jesus

Hermes Nery

Santa Teresinha do Menino Jesus

Aos Amigos! É com alegria que participo desse congresso de literatura católica. Parabenizo a iniciativa do Eduardo, do Joel, de todos aqueles que de algum modo contribuem para que o congresso aconteça e a você ouvinte que ingressou para assistir às palestras. Realmente, é muito importante, especialmente por ser de literatura católica.

A Igreja em sua história bimilenar, tem uma riqueza cultural enorme a partir da base que é o evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa riqueza literária, ao longo de vinte séculos, é apreciada a cada geração, especialmente por aqueles que querem compreender melhor o ensinamento da Igreja a respeito de todas as questões da vida. De maneira que quando eu vi os nomes dos autores que o congresso iria estar tratando, eu percebi que faltava ali Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face. Como mulher e religiosa. Como alguém por quem tenho especial devoção. Então, em uma conversa, fizemos a sugestão de que não poderia faltar Santa Teresinha neste congresso.

Sobre Santa Teresinha eu tenho uma particular devoção pois fui batizado na igreja de Santa Teresinha e fiz questão de, quando me casei em 1997, ir até à igreja em que fui batizado para receber o sacramento do Matrimônio. Pois, para mim foi muito importante ser na mesma igreja. Depois, eu me recordo que quando as relíquias de Santa Teresinha passaram pelo Brasil, nós fizemos questão de visitá-las. Eu fui em Minas Gerais, inclusive. Desde 2001, moro em São Bento de Sapucaí e acabei, pela graça de Deus, indo morar no bairro de Santa Teresinha. Então, essas coincidências da providência sinalizam essa proximidade que nós temos em nossa história com essa grande Santa que realmente deixou um testemunho de vida e uma obra literária importante que certamente não poderia deixar de ser apresentada neste congresso de literatura católica.

Eu quero lembrar que quando ouvíamos falar de Santa Teresinha, algo que sempre me chamou muita atenção era essa incrível popularidade de Santa Teresinha. Depois de Nossa Senhora, obviamente, é a Santa mais popular da história da Igreja, da história moderna da Igreja, principalmente do século XX. Os papas reconheciam, já no tempo do processo de sua beatificação e canonização, essa extraordinária popularidade. Uma coisa que foi acontecendo naturalmente. Não que em vida ela não tivesse essa popularidade. Mas depois de sua morte, de uma vida breve, pois ela morreu aos 24 anos, as coisas foram acontecendo de uma tal forma com os milagres, testemunhos, depoimentos e histórias que foram surgindo, encontros com a vida de Santa Teresinha e com a literatura que ela deixou como testemunho de vida e de santidade acabaram ganhando o mundo inteiro.  É uma estrela que fulgurou de modo tão especial na história da Igreja e que tem muito a nos dizer nos dias de hoje, aqui no século XXI, sobre como viver o Evangelho à luz da fé católica. A fé finíssima que ela afirmou em vida, que ela afirmou, que ela testemunhou, que ela vivenciou e que ela compreendeu de um modo tão especial.

Eu quero lembrar, em relação a essa popularidade, que talvez só São Francisco de Assis para ter essa popularidade espontânea que veio a partir de sua vida e, no Brasil, penso eu, que Santa Teresinha deve ser a santa mais popular e mais conhecida. Aonde você vai, qualquer cidade do país, você vai ter uma igreja dedicada à Santa Teresinha. Ela que foi canonizada em 1925. Só para se ter uma ideia, no dia de sua canonização, houve toda uma preparação com archotes de fogo, todo um preparo para que tudo ali na basílica de São Pedro tivesse iluminada e preparada e chamou a atenção até do New York Times na época pelo modo como foi a festa da canonização onde 60.000 pessoas compareceram à festa, na celebração de canonização de Santa Teresinha. Na época, era um número extraordinário de fiéis e de devotos. De maneira que é muito tocante essa popularidade e a forma que sua história foi ganhando o coração das pessoas de todas as nações.

Eu me recordo aqui, que se ela tivesse vivido mais, talvez, como missionária ela iria até a Indochina. Haviam já cartas e correspondências sobre ela ir para a Indochina francesa. Então, ganharia até a Ásia. Mas viveu 24 anos apenas, na França, tendo apenas um período em que ela viajou com seu pai para Roma e algumas cidades da Itália como Milão, Veneza, Loreto, Assis e Nápoles. Então, algumas cidades de peregrinação, ela foi por ocasião do jubileu do Papa Leão XIII, e só foi feita essa viagem. Mas, de qualquer forma, Santa Teresinha viveu em Alençon, onde nasceu no dia 2 de janeiro de 1873 e viveu em Alençon com sua mãe, Santa Zelin Guèrin, casada com São Louis Martin (santo canonizado em 2015, pelo Papa Francisco).

O que é muito bonito de se ver na história de Santa Teresinha, é que no período em que ela viveu em Alençon, desde seu nascimento, ela teve a graça de viver em uma família santa. Nós iremos falar um pouco sobre isso, pois foi muito importante. Foi o ambiente criado e preparado por Deus para que ela tivesse as condições propícias para ter a “determinada determinação”, como diria Santa Teresa D´Ávila, em ser santa. Então, o ambiente materno, o ambiente paterno, enfim, a acolhida da sua família foi muito importante. Uma família que vivia realmente imbuída do propósito de santidade que foi muito importante para que, desde o início, Santa Teresinha aspirasse e desejasse realmente ser santa. Essa foi sua principal vocação e a contribuição de seus pais foi decisiva nesse sentido.

Então, ela tem uma primeira fase da vida dela em Alençon com as suas irmãs, com o casal de santos, São Luís Martin e Santa Zelin Guèrin, que tiveram nove filhos (só que quatro faleceram muito novinhos). O que é interessante é que já desde o casamento de São Luís Martin e Santa Zelin Guèrin, ambos eram muito piedosos. Ele era relojoeiro e ela era bordadeira e teve muito sucesso nessa atividade de bordados, e tudo feito com muito zelo e muito cuidado. Na casa em que Santa Teresinha e suas irmãs (que depois vão se tornar religiosas do Carmelo) nasceram, havia sempre muito cuidado para que houvesse o melhor ambiente com missas diárias desde às cinco da manhã, com jejuns, com orações e todo aquele ambiente de viver a fé católica, pois os pais eram muito zelosos nesse sentido.

É interessante que os pais de Santa Teresinha queriam ser religiosos, mas para os dois houve um impedimento. O Martin, por exemplo, não sabia latim quando foi se apresentar para seguir a vida religiosa e a Zelin Guèrin também não foi aceita. Por fim, acabaram se conhecendo e casando, mas mesmo depois de casados, queriam viver uma vida de piedade e até de abstinência. Mas o confessor deles lhes disse que tendo se casado, deveriam estar abertos à vida. Assim, eles compreenderam a sacralidade do matrimônio com abertura à vida e tiveram nove filhos nesse ambiente de devoção e de profunda fé.

 

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